segunda-feira, 30 de abril de 2012

Cachorro quente ou sorvete?

Nos tempos atuais, vemos os anúncios da dificuldade em encontrar pessoal qualificado. Em contrapartida, a quantidade de pessoas insatisfeitas com seu trabalho, amontoa a pilha de desmotivados e em baixa performance nas organizações.

Algo está errado, com certeza!

A satisfação no trabalho depende de vários fatores que passam pelas condições e ferramentas, remuneração adequada, estilo de liderança, opções de aprendizagem e desenvolvimento, dentre outras. E, com certeza, encontrar significado no trabalho é um desafio muito interessante e importante para todos nós.

Então, o que fazer? Com o perdão do trocadilho: vamos começar do começo. Ou seja, da contratação.

Vê-se que muitas empresas erram porque contratam pela competência e demitem pelo valor. É comum em lugares assim ouvir justificativas de demissões como: "esta pessoa não tinha o nosso jeito...", ou ainda "...ela não se adaptou à cultura da empresa...". Chefes de lugares assim, orgulham-se em proferir "...tivemos que trocar algumas peças...", como se gente fosse uma peça que quebra, estraga e pode-se jogar fora e ir à loja da esquina comprar outra.

Respostas como esta, indicam oportunidade de melhorar, em muito, as relações humanas.

Selecionar alguém é atividade altamente crítica para qualquer negócio. Lamentável que ainda seja pouco valorizada, seja quando realizada por profissionais com pouca experiência ou quando o gestor, "dono da vaga" nem aparece com tempo suficiente para uma entrevista decente com os candidatos. Selecionar é atividade de garimpeiro, de artista da busca pela pessoa certa para o lugar certo.

Sou um apaixonado pelo comportamento humano. Sempre procuro aprender algo com as pessoas que conheço ou convivo. E quando preciso selecionar alguém, costumo fazer a seguinte pergunta: "Conte-me sua história". E é interessante como existem pessoas que tem dificuldade de entender esta simples pergunta. 

Conheci candidatos que ao ouví-la saíam a contar sua trajetória profissional (até mostrando em seu curriculum). Outros que não conseguiam nem conectar os fatos ou realizações em uma linha do tempo de suas vidas... 
Quando peço sua história, quero conhecer realmente a origem deste indivíduo, que é único e diferente de todos os demais. Quero saber onde nasceu, com quem viveu, se tem ou mora com os pais, se frequenta igreja, se gosta de cachorro quente ou de sorvete, se chorou ao ver seu filho andar, dentre outras coisas...

Simples assim!

Estas informações pessoais são muito importantes se você quer realmente conhecer os valores dessa pessoa. Com um pouco de interesse e percepção, você descobrirá como ela pratica a honestidade quando abre o coração de verdade, a paixão quando se orgulha de algo ou alguém, a determinação quando conquistou aquela bicicleta na infância, a gratidão ao relatar a luta de seus pais dentre outros elementos de essência, de sua alma, de seus valores.

Acredito que quem não tem orgulho de sua própria história, dificilmente vai querer construir uma história ao nosso lado.

Selecionar por valores é muito mais complexo do que qualquer outro método de seleção existente. Pois exige usar a parte humana do selecionador e não cabem aqui as regras, perguntas prontas, questionários de perfil, matrizes e outros truques ou técnicas de dentro da cartola do entrevistador.

Para selecionar por valores o entrevistador tem que ser apaixonado por gente, precisa acreditar que são as pessoas que fazem a diferença, que gente não é peça muito menos recurso.

Mas tenha certeza, ao encontrar pessoas que compartilhem dos seus valores e dos valores da organização, estas serão as pessoas que ajudarão esta organização a ir ao futuro e a transformar o ambiente no melhor lugar para se trabalhar.

Pense nisso!





4 comentários:

  1. Prezado Sensei,
    Hoje vivo nesta ciranda. Estou indo para a minha terceira loja. Já tenho 15 funcionários. E, como vocêe mesmo colocou: contratamos pela competencia e demitimos pelos valores. Acho que você conseguiu expor as dificuldades, mas a solução para a oportunidade de contratar por valores ainda é obscura para mim. Manda mais luz, please. OSSSSSSSS

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  2. Olá professor João!
    Você é um grande líder. Admiro sua força e o respeito que tem pelo conhecimento. Obrigado por comentar e compartilhar sua pergunta.

    Vou tentar listar uns pontos aqui para compartilharmos mais sobre o tema: O primeiro passo é ter em mãos a lista de valores que moldam a você e sua empresa. Em seguida, analisar cuidadosamente se estes valores levam a empresa para o futuro onde quer chegar. Sempre tendo como referência se refletem como o cliente percebe e gostaria de perceber a empresa.
    Com esta lista em mãos, você poderá produzir um conjunto de evidências que indicam para você se a pessoa que está conversando, possui esses traços ou os se compartilham dos mesmos valores.

    Por exemplo, digamos que um dos valores listados foi a gratidão. Podemos dizer que uma pessoa que acredite verdadeiramente e pratique gratidão, evita fazer propaganda pública dos atos que faz ao próximo, pois acredita que é um dever humano, uma crença pessoal. Sendo assim, para descobrir este valor, você terá que usar sua percepção, investigando frases dela. Percebendo como ela conta a história dos pais, ou como compartilha o que aprende, ou como ajuda sua família, etc... Pois para ela, gratidão é um ato de vida.
    Desta forma, se nos valores seus e de sua empresa, aparece a palavra gratidão, essa pessoa que entrevistou estará em casa. Pois ambos acreditam no mesmo significado. Essa pessoa agirá muito no estilo que a empresa ou fundador acreditam, pois agirão juntos.

    Por este motivo que disse que encontrar a pessoa certa é ato de garimpeiro. Exige tempo, dedicação, saber ouvir, perceber detalhes... Exige disciplina, respeito pelas pessoas e pela individualidade.

    Investir em gente é investimento mesmo! Mas com retorno certo! A lista das Melhores Empresas para se Trabalhar está provando que isso é verdade. Em média, as Melhores tem retorno ao acionista de 7% a 20% mais que média das outras. Acho que é um número interessante, não?

    Bom, espero ter um pouco mais... Forte abraço.

    Saudades!
    OSS!

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  3. Bom dia Professor Rodrigo, meu nome é Evandro Fonseca.
    Tenho 22 anos, sou bastante novo, assisti sua palestra ontem na Fafit, pois curso o 7º semestre em Ciências Contábeis, me interessei bastante em seu conteúdo, pois a 1 ano e 6 meses, fui nomeado gerente da empresa onde trabalho, e sempre tive comigo, que não quero ser um gerente e sim um líder, mais confesso que sou bastante inexperiente no assunto, e tenho sede de aprender, e quero sugar um pouquinho do seu conhecimento pra mim, se assim me permitir, rsrs.
    Sou fã e sigo vários líderes também, como Daniel Godri, Gilclér Regina, entre tantos, e agora se me permitir quero seguir de perto o trabalho de um tal de Rodrigo Correa Leite também, rsrs.
    Um abraço, e muito sucesso.

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  4. Oi Evandro!

    Será um prazer aprendermos juntos. Acredito que o Caminho é esse, aprender sempre! Quando falei ontem sobre o vento da oportunidade, tenho certeza que este vento sempre sopra em direção ao aprendizado. Quanto mais permitirmos isso, mais a experiência comparece ao baile! Seja bem vindo sempre que quiser compartilhar, perguntar, responder e apoiar o aprendizado de todos. Desejo que todos os teus sonhos se realizem! Forte abraço.

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